Os Cães também sonham.

Pesquisadores do MIT dizem que cães podem sonhar como gente

Ilustração - Fernando Gonsales

[por Kiyomori Mori]

Você acha que seu cachorro (ou gato) sonha? Com quê? A pergunta encucou dois cientistas do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), que passaram quatro anos estudando as reações de camundongos em busca de uma resposta. Os animais tiveram suas atividades neurológicas acompanhadas por monitores cerebrais quatro horas por dia, metade enquanto dormiam e a outra metade quando desenvolviam alguma atividade -percorrer um labirinto, por exemplo.

Os pesquisadores norte-americanos verificaram que determinadas partes do cérebro repetiam reações idênticas, e com a mesma intensidade, nos dois períodos. Para os cientistas, isso pode ser um sinal de que o rato está sonhando com a ação vivida durante o dia. "Para ter 100% de certeza, só perguntando à cobaia mesmo", disse à Revista o bem-humorado pesquisador Kenway Louie, um dos autores do trabalho do Departamento de Cérebro e Ciências Cognitivas do MIT.

Também não se sabe se o resultado vale para outros animais. "Não posso afirmar, mas é quase certo que sim, porque o cérebro deles é mais complexo do que o do rato, e o mecanismo do sono opera da mesma forma", afirma o biólogo Matthew Wilson, orientador do estudo.

O processo do sono dos ratos é similar ao do homem, atingindo o estágio REM (de "rapid eyes movement" ou movimento rápido dos olhos), em que acontecem os sonhos. A inspiração, porém, é um pouco diferente, acredita Kenway. "Humanos tendem a sonhar com eventos emocionais importantes -momentos de perigo ou de felicidade- acontecidos durante o dia. Já as cobaias pareciam sonhar bastante com comida, especialmente chocolate, pois repetiam as mesmas reações".

O objetivo real do estudo não é provar que os animais sonham, mas descobrir se o cérebro pode "coordenar" outras atividades mesmo quando o indivíduo está dormindo. Isso explicaria, acredita Kenway, por que as pessoas às vezes acordam com a solução de um problema que enfrentavam há dias.

Para os cientistas, a descoberta do mecanismo que faz com que determinados eventos sejam "selecionados" e repetidos durante o sono pode permitir, no futuro, uma espécie de "sono de resultados", ou seja, induzir o cérebro do dorminhoco a desenvolver outras atividades mentais, além do sonho.

Mais preocupado com o bicho, o veterinário especialista em comportamento animal Mauro Lantzman diz que sempre acreditou que animais sonhem. "Quem tem bicho sabe. Minha cadela, por exemplo, tem por hábito 'pedalar' durante a noite. Outros latem e até choram. Essas atividades são normais, mas em excesso podem indicar algum distúrbio neurológico como epilepsia."

Fonte: Revista da Folha

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