Serie: Quem faz "Algo Mais" pelos animais? IV

Esta serie mostra pessoas que, apesar das dificuldades do dia a dia, do seu trabalho, e dos cuidados com a sua familia, dedicam suas vidas para atender, também, aos animais; uma dedicação constante que faz deste Amor uma Missão de vida, cheia de desafios, mas gratificante e feliz. E hoje apresentamos a empresaria pernambucana e defensora MARTA DUBEAUX.

Marta e sua afilhada, Frida.

1º Qual a sua formação profissional?

R-Me formei na FAFIRE em Línguas e Literaturas Neolatinas.

2º Quando e como começou a se preocupar com os direitos dos animais?

R-Comecei a querer proteger e cuidar aos cinco anos de idade e ainda me lembro. Aos nove anos eu já falava em protegê-los e queria que meu pai chamasse a polícia para prender um homem que estava dando num cachorro. E fiquei muito chocada quando êle respondeu que, a polícia só vinha quando o problema era com pessoas. Aí eu descobri que os animais precisavam ser ajudados. A partir dessa época decidi que eu seria veterinária, mas não consegui vencer a pressão familiar para me dissuadir da idéia, que perdurou até o meu vestibular.

3º O que mais lhe incomoda em relação ao descaso com os direitos dos animais?

R- O histórico descaso das autoridades constituídas. O Brasil tem lei de proteção aos animais desde Getúlio Vargas, mas o poder público nunca as fez funcionar.
Agora alguns Estados onde houve forte colonização e ou população de origem estrangeira partiram na frente. Nesses as leis já começaram a funcionar, por pressão da sociedade organizada.

4º Quais ações você já encampou paras mudar essa realidade? E como está a situação hoje?

R- As ações para mudar essa triste realidade, pelo menos no nordeste não eram muito conhecidas. Existiam Protetores isolados, que recolhiam animais doentes, atropelados etc. e contavam, com a ajuda de veterinários no Hospital Veterinário da UFRPE. Ali se pagava muito barato.

Abro um parêntese, para homenagear no seu Blog a figura inesquecível de Miss. Grace Makinios, uma senhora inglesa que morava no Recife e dedicou sua vida a recolher e cuidar dos cães mais miseráveis. Ela chegou a ter em sua casa 80 animais e vários dos mais conceituados professores médicos do Hosp. Vet. da UFRPE atendiam os animais dela de graça indo até a sua casa. Lembro-me dela velhinha, alta e magra sempre pronta a recolher mais um

A minha casa era o que se pode chamar uma casa de passagem. Eu os recolhia estropiados, os curava, cuidava e depois sempre havia quem quisesse adotar.
Somente com o advento da Internet as pessoas que trabalham protegendo animais passaram a se contatar e a expor sua insatisfação com a situação de maus tratos, abandono e matança oficial. Fomos vendo então que juntos poderíamos começar a pressionar o poder público e forçar a criação de novas leis de proteção aos animais domésticos e domesticados. Afinal, nós protetores e simpatizantes da causa animal hoje em dia somos muitos.
Os animais não votam. Mas seus protetores votam por eles. Queremos políticos engajados com a causa animal.
A situação de hoje melhorou, porque estamos sendo recebidos por autoridades estaduais e municipais interessados em criar leis e mudar essa cruel realidade. Com eles estamos debatendo detalhes, para que as leis que num futuro próximo forem aprovadas sejam consistentes e passem a serem obedecidas.

5º O que mais pode ser feito?

R- Muita coisa precisa ser feita. Será imprescindível e fundamental, que nas escolas municipais, estaduais, religiosas e privadas se comece a ensinar o mais rapidamente possível desde o maternal, que não se deve maltratar animais. Que eles têm direito a uma vida digna sem maus tratos nem torturas.

Conscientização da população de todos os níveis de educação, classes social e econômica, para a posse responsável, castração e chipagem de seus animais.
Engajar as polícias nessa missão de defender animais sejam cães, gatos ou cavalos, que muitas vezes estão sendo espancados em plena via pública, sem que algum policial tome uma atitude de impedir a barbárie. Quando alguém solicita a interveniência deles, muitos se negam a atender.
Enfim, não basta criar e aprovar essa lei de proteção. É preciso um engajamento do poder em todas as suas instâncias, para que a proteção realmente funcione.

6º- Como encontrou a Frida?

R- Encontrei-a mendigando na calçada do hospital Agamenon Magalhães. Usava três patas, pois o bracinho esquerdo estava machucado e retraido. Comecei a conquista-la indo lá todos os dias para alimenta-la. Adquirí sua confiança e a recolhi muito magra, suja e doente. Depois de um mês internada na ANIMANÍA, como não ficasse boa do braço resolvemos fazer uma radiografía. A dor era tanta que para esticar o braço precisou ser anestesiada. Ela tinha osteomielite no osso, por causa de uma mínima fratura no cotovelo. O veterinário informou: Ou fica boa em um mês ou teremos que amputar o braço. Se já é difícil conseguir alguem para adotar um animal hoje em dia, imagine sem braço. Comprei o antibiótico, ela tomou 30 dias e ficou boa. Depois consegui uma dona e ela mora feliz nessa casa com quintal e vive solta com outra cadela.


7º Considerações finais.

R- Temo que muitas gerações de animais ainda tenham que padecer e morrer sem o amparo dessa lei, que mesmo aprovada certamente por questões burocráticas ainda vai demorar a funcionar completamente.


"O mais importante não é encontrar a pessoa certa, e sim ser a pessoa certa."

3 comentários:

  1. Anônimo disse...:

    Que político está a frente da causa animal?é possível que vocês digam o nome ou nomes de políticos pernambucanos engajados na defesa animal?

  1. Goretti Queiroz disse...:

    Ola.

    Antes das eleições estaremos divulgando uma relação que está sendo preparada pela WSPA com o nome dos politicos engajados na CAUSA ANIMAL, inclusive em Pernambuco. Aguarde.
    Obrigada por participar.

  1. Aguardo ansiosa esta lista Goretti.
    Obrigada mais uma vez!

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