Movimento incentiva adoção de animais.

Materia publicada hoje na Folha de Pernambuco.

Instituição em defesa dos bichos quer aumentar oferta de animais saudáveis

BRUNO BASTOS

No quintal da sua casa a professora aposentada Tarcísia Maria da Conceição, de 75 anos, mantém um abrigo para 12 cães e 60 gatos que foram dados por vizinhos ou resgatados por ela na rua. Mesmo com toda a dificuldade, dona Tarcísia, como é conhecida, prefere cuidar dos bichos do que vê-los na rua. “O meu maior medo é ver a ‘carrocinha’ pegar um bicho na rua. Prefiro que eles fiquem comigo, mesmo que me dê trabalho”, afirmou.

Apesar de ter tantos animais em casa, a aposentada não se considera dona dos cães e gatos. Todos os bichos estão lá para serem entregues à adoção. Uma equipe formada por professores e alunos das Universidades Federal e Federal Rural de Pernambuco visita a casa de dona Tarcísia uma vez por semana para oferecer assistência aos bichos. “Eles vêm aqui e dão banho, vermifugam e levam os cachorros e os gatos para ser esterilizados. Até na internet colocaram fotos deles, para facilitar a adoção”, destacou a aposentada. Um total de 15 cães e 10 gatos que viviam com ela já vivem com seus novos donos. Para Tarcísia, a maior recompensa por todo o sacrifício que ela faz é saber que os animais vão viver bem.

A aposentada, porém, encontra muitas dificuldades para comprar ração para os cães e gatos, além de sofrer com a incompreensão de parte dos vizinhos. “O gato é um bicho que anda muito, e tem gente que não quer eles em casa. Eu preciso manter os gatos maiores presos a maior parte do dia e não tenho muita estrutura para isso”, ressaltou dona Tarcísia, que mora sozinha com seus companheiros de quatro patas.

Assim como ela, várias outras pessoas que fazem parte do Movimento de Defesa Animal de Pernambuco reforçam o apelo para que a população adote cães e gatos. A lei ordinária, que está tramitando na Assembleia Legislativa de Pernambuco, prevê o fim da morte dos animais que são recolhidos pelo Centro de Vigilância Ambiental (CVA).

Segundo a jornalista Goretti Queiros, que é membro do movimento, o projeto traz outras melhorias, como a obrigatoriedade da esterilização dos animais abandonados na rua - a fim de evitar que eles se reproduzam - e a oferta dos animais saudáveis para adoção. “As organizações não governamentais estão prontas para ajudar, porque elas já trabalham com essa prática”, garantiu Goretti.

Ainda segundo ela, o poder público compreende os animais apenas na perspectiva da saúde pública e, portanto, busca apenas eliminá-los para que não transmitam doenças. “O que o movimento argumenta é que os animais abandonados são fruto de um problema social. Eles vão para a rua porque os seus donos não têm mais como mantê-los e se desfazem deles. E isso é muito mais frequente do que se imagina”, salientou.

O gerente do CVA, Amaro Souza, afirmou que o CVA vai cumprir qualquer legislação que seja aprovada, mas rebateu as críticas dos grupos pelos direitos dos animais. “Aqui no CVA, nós já esterilizamos os animais que estão saudáveis e os disponibilizamos para adoção. Infelizmente, a eutanásia é adotada com a maioria dos que são recolhidos”, afirmou o gerente. Para Souza, o CVA atualmente não tem condições de fazer campanhas de adoção que dêem conta da quantidade de animais que vão para o centro.

“Nunca é bom ter que sacrificar um animal sadio, mas a procura pelos cães e gatos não chega nem perto do número de abandonos. Não podemos manter todos animais até que sejam adotados, até porque o CVA do Recife acaba recebendo animais de outras cidades também”, alertou. O gerente do CVA também garantiu que os procedimentos adotados no centro seguem uma lei municipal que normatiza desde a captura até o sacrifício dos bichos.

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