Não há como prever como um cão vai reagir à chegada de seu novo parceiro canino. E esta imprevisibilidade costuma deixar muitos candidatos ao segundo cão bastante ansiosos Será que ele vai sofrer muito? Será que um dia irá me “perdoar”? Ele pode ficar doente? O medo sempre aparece: se o filhote é muito menor que o adulto, temos medo do adulto ferir gravemente o filhote; se o filhote é de raça de grande e o adulto pequeno, morremos de medo do filhote não perceber sua força, e machucar o adulto. Enfim...O que pode acontecer? O que é normal? O que pode ser considerado fora dos limites?
A primeira coisa a salientar aqui é que os cães nasceram para viver em grupos, sejam eles compostos de humanos, caninos, ou dos dois. Por isso mesmo na grande maioria das vezes todos se ajeitam. Porém esta fase de adaptação pode ocorrer de forma bem diferente do que imaginamos. E isso acontece por que esperamos que os cães tenham atitudes típicas dos humanos, e não dos caninos. Daí, muitas atitudes normais na linguagem canina nos parecem tremendamente agressivas.
Vamos analisar as coisas do ponto de vista deste cão que se vê tendo que dividir um território que até então era só dele. De repente há um filhote cheio de energia, que rouba a atenção de todos. O cão adulto deixa de ser mais um membro da matilha humana, e começa a fazer parte de uma matilha canina. E como tal, precisa impor limites ao filhote, para mostrar que eles são muito diferentes, que o filhote lhe deve respeito, e não pode esperar que este brinque com ele como os demais irmãos de ninhada.
Ora, na linguagem canina estas mensagens são transmitidas através de rosnados, latidos, e pressionando os dentes sobre o focinho do filhote. Muitas vezes também o adulto ignora o filhote. Tudo isso deve ser permitido e tolerado, por mais que nos pareça cruel. É importantíssimo que possamos permitir que o adulto estabeleça ordem entre eles. Só assim eles poderão formar de fato uma matilha, e viver harmonicamente.
Em situações normais, não acontecem agressões físicas, ficando tudo no nível da ameaça. Porém, obviamente ter cães de tamanhos muito distintos não é muito recomendável. Muitas vezes o cão grande pode machucar gravemente o cão pequeno, mesmo que a intenção original não seja essa. Ainda assim, se o cão pequeno for o mais velho, não se assunte se ele dominar o filhote, mesmo que este seja 10 vezes maior que ele. Não é o tamanho que define a liderança, é o temperamento.
Na maioria das vezes em que há maiores confusões, elas são causadas pela interferência humana. No ímpeto de proteger o “pobre filhotinho” os humanos acabam privilegiando o filhote, mimando-o, e brigando com o cão adulto por “ser tão cruel”. Com esta atitude só conseguimos passar a mensagem de que o líder não é o cão adulto, o que faz com que este se veja na obrigação de mostra-nos mais claramente de que o líder é ele. Como ele faz isso? Atacando o filhote, mostrando que ele é o mais forte.
Deixe que eles se entendam livremente. Gradualmente o filhote vai aprendendo como deve se comportar com o outro, e as coisa vão entrando no eixos. É assim que deve ser!
Como fazer as apresentações:
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Se você puder, leve os dois cães a um “território neutro”. Desta forma o adulto não irá encarar o filhote como um intruso. O que facilitará bastante o contato entre eles.
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Se a opção acima não for possível, uma boa alternativa é colocá-lo em cômodos separados por uma porta (fechada). Eles não poderão se ver, pois o contato visual muitas vezes pode ser muito ameaçador, porém eles poderão sentir o cheiro um do outro pelo vão embaixo da porta. O que para os caninos é um ótimo cartão de visitas. Não tenha pressa! Deixe que eles sintam o cheiro do outro tranqüilamente, sem apressá-los. Quando perceber que eles estão bastante relaxados, abra porta devagar para que haja um contato visual.
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Para ajudar no entrosamento deles, pegue um pano velho e esfregue no corpo do filhote. Então coloque este pano debaixo do prato de comida do cão adulto. Assim o adulto irá associar o cheiro do outro a uma experiência muito prazerosa, e diretamente ligada a sua sobrevivência. O que também irá facilitar muito a aceitação do filhote.
Outras Dicas
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Brinque muito com o cão adulto, principalmente quando o filhote estiver por perto. Mostre que o lugar dele no seu coração continua intacto. Saia freqüentemente para passear só com ele, para que ele possa ter algum tempo sozinho com você.
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Lembre-se sempre de respeitar a hierarquia da matilha, e cumprimente SEMPRE o adulto primeiro. Da mesma forma ele deve ser alimentado em primeiro lugar.
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Não trate nenhum dos dois como coitadinhos, fazendo concessões a eles. Não há nada de penoso nesta relação, e quanto mais claros forem os limitem que VOCÊ impuser a eles, mais rapidamente as coisas se ajeitarão entre todos.
- As brincadeiras entre cães costumam ser bastante agressivas. Quase sempre elas envolvem lutas ou perseguições. É desta forme que o filhote desenvolve suas habilidades para tais atividades, e os cães costumam se distrair muito desta forma. Portanto, a menos que haja uma situação clara de agressão, nenhuma atitude deve ser tomada.
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Se seu cão adulto nunca demonstrou qualquer distúrbio de comportamento, não há motivo para acreditar que começaria a demonstrar a partir desta mudança em sua vida. A chegada do novo cão não seria motivo para vir à tona um possível comportamento perverso enrustido. Se você conhece seu cão, e ele não tem características agressivas, tudo terminará muito bem.
O mais importante:
Não sofra cada vez que o adulto rosnar para o filhote. Ele está te ajudando a educa-lo!
Fonte: Dogtimes
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