Publicado no Diario de Pernambuco de hoje

Detido após matar cadela a pauladas

Após chegar em casa e brigar com a esposa, homem matou o animal e foi levado para a delegacia
Raphael Guerra
raphaelguerra.pe@dabr.com.br
Publicação: 08/08/2012 03:00

Um novo caso de agressão animal, seguida de morte, chocou o município de Moreno, Região Metropolitana do Recife. Na madrugada de ontem, o autônomo Huedson da Silva Correia, 29 anos, chegou em casa, com sinais de embriaguez, e discutiu com a mulher por motivos banais. Irritado, ele espancou a cadela do casal, de raça não definida, com um porrete. Laika, como era conhecida, morreu logo em seguida. O suspeito foi encaminhado para a delegacia de plantão e autuado em flagrante por crueldade contra os animais. Ele assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado. Em média, dez casos semelhantes a esse chegam diariamente à Delegacia do Meio Ambiente.

Segundo a polícia, logo depois da agressão Huedson da Silva deixou a residência com o corpo da cadela, que ainda não foi encontrado. Depois de ser detido, após percorrer poucos metros, o suspeito confirmou que estava embriagado. “Só meti uma paulada e soltei. Fiz isso porque fui mordido. O animal tem que obedecer ao dono”, disse o suspeito em entrevista à TV Clube. A filha da companheira de Huedson, cujo nome será preservado, afirmou que as discussões entre o casal eram constantes, principalmente por ciúmes. “Minha mãe disse que a partir daquele momento não queria mais ele dentro de casa. Quando viu que ela estava juntando as roupas, ele foi atrás da cadela. Ouvi os latidos. Minha irmã de quatro anos presenciou tudo”, relatou a jovem.

A pena para este tipo de crime é de três meses a um ano de detenção, além de multa arbitrada pelo juiz. Representante do Movimento de Defesa dos Animais em Pernambuco, Goretti Queiroz destacou a necessidade de as mudanças no Código Penal, propostas por uma comissão de juristas, serem aprovadas com mais agilidade. Uma delas prevê justamente o dobro da pena atual para aqueles que cometem crimes de maus-tratos contra os animais. Ou seja: os responsáveis poderiam pegar até seis anos de prisão. “Nossa luta é pela aprovação da lei. Hoje, nos flagrantes, os suspeitos assinam um TCO e são liberados. Com a mudança, eles serão presos”, pontuou.

Na avaliação de Goretti Queiroz, o aumento no número de denúncias de violência contra os animais é uma prova de que as pessoas estão mais conscientes. No mês de julho, um cachorro chamado Beethoven foi decapitado na Cidade Tabajara, em Olinda. Em maio, outros dois cães com o mesmo nome foram vítimas de agressão. Um deles foi morto em Itapissuma enquanto o outro foi gravemente ferido no bairro da Imbiribeira. Estima-se que cerca de 70% das queixas que chegam à Delegacia do Meio Ambiente estão relacionadas à violência animal.

Saiba mais


43 mil animais domésticos vivem nas ruas do Recife

10 é a média de denúncias diárias de maus-tratos contra animais recebidas pela Delegacia do Meio Ambiente

56% das denúncias recebidas no Disque-denúncia são relativas a maus-tratos de animais

1 mil animais são atendidos por mês no Hospital Veterinário da UFRPE

80 é a média de atendimentos diários

O que diz a lei de Crimes Ambientais

Artigo 32
Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos

Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa

Como denunciar

Disque-Denúncia
RMR: (81) 3421-9595
Agreste: (81) 3719-4545

Delegacia do Meio Ambiente
(81) 3184.7119

Emergência policial
190

Fontes: Depoma; Disque-Denúncia

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