O cão da comunidade

Por Jéssica Ferrari / www.itu.com.br


Ver os mesmos cães, todos os dias, circulando pelo bairro onde mora já é comum para muitos moradores. Esses amigos tanto aparecem que acabam cativando a população local. Com um agrado de uma casa aqui e outro de um comerciante ali, o cão passa a conseguir alimento e proteção mais fácil. Sentindo-se “aceitos”, os cachorros decidem fincar as patas naquele lugar e proteger seus novos donos. Assim, surgem os “cães de comunidade”.

Para evitar que fiquem doentes ou transmitam doenças para a população, esses cães recebem tratamentos de prevenção, como castração e vacinas, e depois são devolvidos a comunidade para que continuem no local. Dessa forma, eles deixam de ter apenas um responsável, para ser cuidado por todos.

A medida é vista como benéfica aos animais e política adotada pela Secretaria de Saúde de São Paulo. “É preferível deixar aquele animal castrado e vermifugado, que irá seguir sua vida ali sem incomodar ninguém, do que deixar esse espaço para que surjam outros cães”, explica Castanheira.

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Cafú, mais um cão de rua abandonado: "Hoje ele já ganhou um lar", afirma Valdir Guidini

Em Itu, os exemplos são muitos. Como no caso do cão Cafú, um vira-lata que vive nas imediações de uma padaria no bairro Vila Padre Bento. “Ele surgiu na Copa do Mundo de 1994 e já possuía uma aparência de velho. E assim como o jogador de futebol Cafú, que se aposentaria naquele ano, eu achei que ele estaria em fim de carreira! Mas ele está aqui até hoje”, brinca o comerciante Valdir Guidini, um dos responsáveis por dar alimento e carinho ao animal.

Segundo Valdir, os clientes da padaria já se acostumaram com a presença do cão, que ganhou até uma foto na parede do comércio. O proprietário ainda conta que Cafú recebe muita atenção e gosta disso. “Hoje ele já ganhou um lar”, afirma.

Para a segurança da população local, o Dr. Castanheira explica que o bichinho já passou por cuidados da Zoonoses e sempre que preciso, recebe as vacinas necessárias.

Após anos de atenção, Cafú já se tornou parte da comunidade do bairro. Mas histórias de abandono como a sua não param de aumentar. “Eu vejo muitos casos de negligências. É triste ver os cães sendo abandonados, mas não podemos cuidar de todos", conta Valdir.

Quando um focinho se encontra com um coração!

“Eu estava saindo do serviço quando vi o cãozinho no meio da rua. Ele estava bem assustado, corria de um lado para outro e estava com medo de tudo. Foi então que mexi com ele e ele me acompanhou por uma boa parte do caminho, me olhava e parecia que pedia para levá-lo comigo”, narra a assistente fiscal Luciane Gagliardi.

Chegando a sua casa, Luciane não esqueceu o animalzinho e após conversar com seu marido resolveu abrir seu coração e as portas da casa para um novo companheiro. “Resolvemos retornar ao local onde o encontrei. Ele ainda estava lá e rapidamente veio em nossa direção como se já soubesse que o levaríamos para casa”, conta.

Em sua nova família, o cãozinho ganhou o nome de Scooby “por ser muito medroso, comilão e também muito amável”, explica Luciane. Segundo ela, a experiência de pegar um cão abandonado é gratificante. “A todo momento ele parece nos agradecer de o ter salvo dos perigos da rua”.

Scooby entrou para a estatística de cães de rua adotados. Porém nem todos têm tempo de ganhar uma nova família. Ao serem deixados sozinhos, muitos cães ficam agitados e saem transitando pelas ruas. Sem conhecer os perigos, eles acabam sendo atropelados e mortos. “Ao avistar o corpo de um animal a pessoa pode ligar para o Centro de Zoonoses da cidade, pois é nosso trabalho fazer o recolhimento desse corpo das ruas ou mesmo das casas”, conta Castanheira.

Mas, se andando pelas ruas de sua cidade, você avistar um cão que mexa com o seu coração... Pare! E se puder lhe dar o mínimo de atenção, com certeza ele ganhará o dia. Agora, se você puder fazer mais, ADOTE um animal de rua e descubra o quão feliz pode ser essa relação.

http://www.itu.com.br/animais/noticia/um-olhar-triste-o-abandono-de-caes-tambem-e-um-problema-social-20110303

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